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O nome admina e o processo criativo

By Jordana
Published in o mundo de produto
April 13, 2022
6 min read
O nome admina e o processo criativo

Olá admins e afins!

Eu sou a Jô, fundadora do admina <3

Quero contar para vocês como foi o processo de criação do nome da nossa comunidade e traçar um paralelo com o processo criativo.

Vivo respondendo a pergunta:

é necessário ser uma pessoa criativa para ser de Produto?

e fico refletindo no porquê acreditamos que a criatividade é um dom nato. Ou se tem ou não. Quero provar para vocês que ter ideias e inovar é um processo que qualquer um de nós é capaz de seguir. Não um acidente, sorte, dom e, certamente, não é uma epifania.

Bom, vamos lá. Senta que lá vem história!

Como foi o processo de criação do nome admina?

A criação da comunidade veio antes do nome. Nos primeiros dias, eu já tinha membros mas não tinha nome. Nome. Nome. Fiquei obcecando sobre o nome o nome o nome O NOME!

Em uma bela noite de insônia, um nome me veio como um ataque fulminante! Às 4 da manhã, depois de um dia intenso de trabalho, simplesmente pipocou na minha cabeça. QUE NOME LINDO! Me apaixonei pelo nome.

Nome. Nome. Nome.

Levantei da cama num pulo e fui para o computador. Zumbizando, comecei a montar material com o novo nome, toda empolgada num frenesi de produtividade. Sim, às 4 da manhã. Criei logo, convite, email, tudo em que consegui pensar. Terminei, fui pra cama, dormi.

Horas depois acordo e me lembro de comprar o domínio. Obaobaoba! Vamos ter email, blog, tudo que tiver direito com esse nome lindo!

Pronto, o sonho acabou. O domínio com o nome em que pensei não estava disponível. Nem .com, nem .com.br, nem .io. Nem ponto nada.

Provavelmente, foi uma ótima ideia de nome – ótima ideia que alguém já teve.

Isso me frustrou. Poxa, eu tava perdidamente apaixonada por esse nome! Não poder usá-lo baixou minha energia, me entristeceu, me desanimou. Eu teria que recomeçar. E toda vez que temos que recomeçar dá uma vontade de desistir, né?

E desisti. Por uns dias.

Mas o propósito da comunidade estava forte demais para deixar pra lá. Já não tinha volta para mim. Então, bora recomeçar. Dessa vez, não haveria ataque fulminante de ideia perfeita. Aceitei que teria que me preparar, pesquisar e dedicar tempo.

O que fiz errado da primeira vez para poder fazer certo desta vez?

Me coloquei para pensar.

preciso ser criativa.

Como se fosse um botão de liga/desliga.

Cadê a criatividade, engenheira?

Mas vivem me dizendo que engenheiro é bicho técnico, nerd, engessado. Eu cresci com o achismo que não tenho dom artístico/criativo nenhum. Zero. Sou engenheira, virginiana, analítica, calculista.

Será?

Mas pensar/inovar/criar é um processo. O processo criativo já foi estudado, testado, mapeado e desenhado.

Eu sei disso, estudo isso e – pior – eu ensino isso!

Por que eu achei que a minha melhor ideia seria como um ataque cardíaco no meio da madrugada de uma quarta-feira?

E a cultura popular não ajuda também, né?! Qual é o símbolo internacional da ideia? Uma lâmpada acesa. Conhecem a lenda do Arquimedes? Um homem gênio em uma banheira gritando Eureka! com uma lâmpada acesa sobre a cabeça.

Design sem nome

Essa imagem popular criou uma romantização falsa da ideia, da descoberta, da inovação. O mito de que uma ideia vem tão brilhante, rápida e repentina quanto uma lâmpada acendida. Isso nos engana. Nos leva a acreditar que há somente uma fase no processo criativo: a mais empolgante de todas, a Iluminação. Mas há outras 3:

Graham Wallas – A Arte de pensar (1926)

                          Graham Wallas – A Arte de pensar (1926)

O que pouca gente sabe é que, para chegar finalmente na Eureka!, Arquimedes passou, lá no séc. III AC, por todo esse processo daí.

1. PREPARAÇÃO

Arquimedes recebeu uma missão do rei de Siracusa: descobrir se a coroa de ouro que um suspeito ourives havia construído realmente era constituída de todo o ouro puro que o rei havia dado como matéria-prima.

Vamos supor que o ourives tenha recebido do rei 10kg de ouro puro para construir a coroa.

Arquimedes começou pelo óbvio: pesar a coroa. Deu 10kg.

Mas ele pensou que o ourives poderia haver usado, por exemplo, 5 kg de ouro e 5kg de outro metal mais barato para embolsar o restante do ouro do rei. Desconfiado, esse Arquimedes.

Somente por pesar a coroa, ele não havia encontrado a solução. Ninguém, até aquele momento, sabia como atestar se a coroa era ou não de ouro maciço sem destruí-la. Ele precisava encontrar uma saída.

Ele precisava se preparar.

Levou a coroa e um bloco de 10kg que tinha certeza ser de ouro maciço para sua casa e cancelou todos os seus compromissos. Dedicou-se exclusivamente à missão dada pelo rei. Arquimedes começou a pensar. Olhava para a coroa de 10kg e para o bloco de ouro de 10kg. Desenhou, pesquisou, supôs, pensou mais um pouco.

2. INCUBAÇÃO

Cansado de tanto obcecar sobre o problema, Arquimedes desviou a atenção para outras coisas. Preparou umas poções, foi pescar o jantar, cozinhou, comeu e dormiu. Inconscientemente, o problema estava lá por todo esse tempo, no fundo de sua mente. Incubado, crescendo, funcionando, quase criando vida própria se alimentando de seu raciocínio, seus conhecimentos tácitos, sua experiência de vida.

3. ILUMINAÇÃO

Em um desses momentos intermediários de deixar um pouco o problema de lado, Arquimedes foi tomar banho. Encheu a sua banheira e entrou. A água, naturalmente, foi transbordando enquanto ele entrava na banheira. Neste momento, olhando a água transbordar, ele associou essa imagem a todos os raciocínios, testes e suposições pelos quais vinha passando desde que recebeu a missão do rei. Essa associação fez com que Arquimedes ligasse o problema a vários temas científicos que já havia estudado durante a sua vida. E, então, ele pensou que cada corpo, devido a uma característica própria inerente, exerce uma força diferente ao ser imerso em um mesmo fluido, desde que as condições de temperatura e pressão sejam as mesmas. Arquimedes era cientista, ele já sabia disso. Somente associou o que já sabia ao seu novo problema. Aí veio o célebre “Eureka!”, que significa, no vocabulário atual e em português, “descobri” ou “achei”. O que será que ele achou?

4. IMPLEMENTAÇÃO OU VERIFICAÇÃO

Então, Arquimedes decidiu agir. Buscou o material que tinha: a coroa de 10kg de metal inconclusivo e o bloco de 10kg de ouro maciço. Para verificar se sua associação gerava uma hipótese verdadeira, ele implementou um processo empírico:

  1. Arquimedes encheu sua banheira ao máximo, marcando até onde a água batia;
  2. Ele mergulhou a coroa do rei, supostamente composta por 10kg de ouro maciço na banheira e mediu a água transbordada;
  3. Arquimedes removeu a coroa e encheu novamente a banheira, exatamente na mesma medida que no passo 1;
  4. Desta vez, ele mergulhou o bloco que 10kg que sabia ser de ouro maciço;
  5. Arquimedes, mais uma vez, mediu a quantidade de água transbordada. Desta vez, pelo bloco de ouro real, não pela coroa.
  6. E, finalmente, Arquimedes comparou a quantidade de água transbordada pela coroa de 10kg do rei com a quantidade de água transbordada pelo bloco de 10 kg de ouro maciço.

ERAM DIFERENTES!

Com isso, Arquimedes concluiu que, sendo as duas quantidades de água diferentes, os dois objetos – coroa e bloco – não poderiam, de forma alguma, serem constituídos do mesmo material.

Já que a premissa era que o bloco, de fato, era feito de ouro maciço, a única conclusão possível era que a coroa não era totalmente de ouro. Portanto, o ourives enganou o rei.

Arquimedes cumpriu a missão dada pelo rei de Siracusa, desmascarou o ourives fraudador e, certamente, recebeu uma bela recompensa. Talvez em quilos de ouro, mas certamente na contribuição essencial que deu à matemática, física e química, com conceitos de empuxo e densidade que são absolutamente comprovados e usados até hoje.

Pronto, consegui falar de duas paixões no mesmo blog: produto e ciência :) no próximo: cachorros e rock n roll

Voltando para o nome do admina…

Ao sofrer o ataque fulminante da criação do nome fracassado da comunidade, eu errei ao achar que já havia criado algo. Não havia, não ainda. Ao descobrir que aquela marca não poderia ser minha, eu voltei para a prancheta.

O que eu quero transmitir? Com o nome, as cores, as formas, o logo. O que eu quero causar, despertar, inspirar?

- (preparação) Eu desenhei, fiz mapa mental, fiz canvas, folheei o Inspired, o Hooked alguns playbooks. Eu listei, colei post-it. Eu conversei com gente, pedi conselho, mandei ideias, recebi feedbacks e fui ajustando.

- (incubação) Depois, eu me cansei e fui dormir. Acordei, fui fazer exame de sangue, fui trabalhar. Open Banking, recebíveis, Banco Central, times, clientes. Esqueci que existia comunidade, lembrei de novo, dei uma lida nas minhas notas. Dormi outra noite, acordei, trabalhei e assisti Netflix.

- (iluminação) Então, correndo o olho pelo mapa mental que eu havia construído, eu ouvi uma palavra no fundo da minha memória. Uma palavra associada à minha história… admina. Mas é isso! Esse som, essa história, essa conexão. ACHEI!

- (verificação) Aí eu consultei domínio. Livre de verdade! Comprei! Revisei logo, cores, convites, tudo. Pedi uns feedbacks, repeti o nome para algumas pessoas. Agora sim, funcionou. Virou admina.

E então, eu entendi o meu erro. O erro não foi haver criado um nome, foi achar que o processo havia terminado aí. Ele até pode até ter chegado ao passo 4, mas eu não fui até fim, até a Verificação. Eu nem tive sucesso, nem pivotei, nem desisti. Faltou repetir o processo até chegar a uma conclusão verdadeira e verificada: admina.

Para pessoas curiosas: Por que admina? Em TI, quando vamos fazer uma mudança muito drástica num sistema operacional (Windows, MacOS, Linux), temos que “logar com o admin”. É o super-usuário de uma máquina, que tem permissão para tudo. Na faculdade de engenharia, eu brincava que eu sou menina, então eu logaria era com “a admina” e não com o admin. Daí veio o nome: juntando IT com feminismo, bem a minha cara :)

e aí? Ainda acha que criatividade é um dom nato?

Um abração e até a próxima!


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