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Por que e como dar aquele raio produtizador no seu currículo

By Jordana
June 01, 2022
19 min read
Por que e como dar aquele raio produtizador no seu currículo

Olá admins e simpatizantes!

Jô aqui, fundadora do admina <3

Hoje, convido você a cuidar de uma parte muito importante da sua carreira: como você conta a sua história.

E, para você que está em migração, como contar a sua história no currículo? Vou mais longe ainda: e se você não tem experiência em Produto ainda, como contar no currículo sua história de maneira suficientemente atraente para os processos seletivos?

Vem comigo que vai dar bom!

O que eu descobri sobre processos seletivos para Produto/UX nas mentorias do admina

(e em 12 anos em Produto)

Desde que comecei o admina, finalzinho de janeiro de 2021, já passaram quase 500 pessoas por aqui.

Grande parte dessas pessoas estavam desempregadas quando se juntaram ao admina. A outra menor parte, que tinha emprego, estava em outra área e buscava a tão sonhada migração para Tecnologia, mais precisamente: Produto e/ou UX. Um ano e meio depois, já são aproximadamente 100 pessoas empregadas com o apoio da rede.

A parte bacana de conhecer tantas jornadas é conseguir tirar algumas hipóteses sobre o processo de migração para Produto/UX.

Hoje eu vim contar para vocês uma dessas hipóteses. Vamos começar pelo Discovery:

  • Quase 500 pessoas na rede
  • Mais de 300 discoveries - o primeiro papo para entrar no admina
  • Mais de 300 sessões de mentoria
  • Pessoas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Maranhão, Paraíba e Sergipe
  • Aproximadamente 100 pessoas empregadas com o apoio do admina

Nas mentorias com pessoas em migração, algumas queixas extremamente recorrentes relacionadas a processos seletivos:

  1. Eu to mandando muito currículo e ninguém me chama pra entrevista
  2. Eu me candidato a muita vaga no Gupy (e afins) e só recebo mensagem de recusa
  3. Eu me candidato pelo Linkedin mas ninguém me chama
  4. Recebo muito feedback dizendo que buscam pessoas mais experientes

Sabe o que todas essas situações tem em comum?

São todas sobre o currículo. TODAS.

Não são sobre você, não são sobre sua experiência e nem sobre os seus conhecimentos. São sobre seu currículo.

A minha hipótese é a seguinte:

caso você tenha um currículo (PDF e Linkedin) afiado para a área de Produto/UX, você será chamada(o) para processos e comecará a fazer entrevistas.

E eu validei essa hipótese, como boa produteira que sou.

No admina, fizemos mais de 100 revisões de currículos. E, depois dessa revisão, a grande maioria das pessoas - senão todas - começaram a ser chamadas para entrevistas.

Parece papo de vendedora? Parece. Mas não desiste não, continua aqui comigo.

Por que o currículo “produtizado” importa?

Por que uma simples revisão de currículo (sem mentiras) pode fazer a diferença, por exemplo, num feedback de “buscamos pessoas com mais experiência”?

Vamos focar no usuário, afinal, somos ou não somos de Produto?

Você sabe para quem está escrevendo o seu currículo?

Quem está triando o seu currículo, em geral, de duas, uma:

  1. Ou NÃO tem conhecimento profundo sobre a área e está triando para terceiros. Esse é o caso de headhunters ou pessoas do RH da empresa. A empresa cliente ou a pessoa dona da vaga entrega um script (pode ser a descrição da vaga), uma lista de coisas para procurar ou um checklist. Com isso em mãos, essa pessoa fará no seu currículo uma varredura (manual ou com ajuda de plataformas como Gupy) para decidir se chama ou não você para uma entrevista. Neste caso, as palavras-chave reinam. Nada mais importante que explorar no seu currículo os jargões da área, nome de ferramentas, seus cursos e habilidades.

  2. Ou TEM SIM conhecimento sobre a área e, geralmente, está triando para seu próprio time, sendo líder ou não. Esse é o meu caso, pro exemplo. Como head de produto, muitas vezes eu mesma busco pessoas no Linkedin Recruiter ou numa base de currículos. Quando gosto de alguém, ou mando mensagem diretamente ou repasso ao meu RH, para pedir que agende um papo - depende da política de cada empresa. Pessoas como eu também triam por palavras-chave, mas avaliamos muito mais que isso. Julgamos seu currículo com base no que nós mesmas sabemos, gostamos e esperamos de uma pessoa de Produto. E isso é muito mais subjetivo. Neste caso, além das palavras-chave, o design do seu currículo e o seu storytelling contam muito.

Bom, agora você conhece seu usuário, ou seja, para quem você deve escrever seu currículo. Saber disso é o primeiro passo para saber como passar na fase de triagem.

Mas vamos logo ao passo-a-paso porque foi por isso que vocês vieram até aqui, certo?


O tal “raio produtizador”

Como criar um currículo atraente para as áreas de Produto e UX? Sem mais delongas:

Passo 1: O formato

Currículo em PDF, sempre. Somente ele garante que qualquer dispositivo (computador, celular, tablet etc) conseguirá abrir o arquivo e apresentá-lo igualzinho você gerou no seu computador.

Qualquer outro formato/extensão, como o Word, pode não ser lido corretamente para quem você envia, dependendo de um montão de fatores técnicos. Acredite em mim, mande em PDF - caso contrário, o tempão que você gastou no Word alinhando tabelas, letras e linhas vai por água abaixo porque aparecerá tudo desconfigurado para quem abre.

Dúvidas em como gerar PDF do seu currículo? Dá um google em “como salvar como PDF no xpto” - substituindo o “xpto” pelo sistema que você está usando para editar seu currículo - exemplo: word, powerpoint, canva etc.

Passo 2: O design

Agora vou pegar pesado: não adianta defender o seu currículo extraído do Linkedin ou aquele wordzão em tons de cinza, linhas e tópicos.

Pode ser o ideal para outras áreas, sobretudo aquelas que exijam mais formalidade. Em tech, não cola.

Currículos de Produto e de UX com o visual arrojado, moderno e usando práticas de design chamam muito mais atenção, pois demonstram que você entende, ou ao menos se importa, com algo super importante na nossa área: usabilidade.

Quer gerar o efeito “uau” e já engajar a pessoa triando assim que ela abrir seu arquivo? Você só conseguirá isso, logo de cara, com um design legal.

Você pode usar o template que quiser. Em nome da simplicidade, eu sugiro uma ferramenta online chamada Canva. Esse link já te leva para a busca por templates de currículo.

Mas use a ferramenta que quiser. Pode até ser o Word, o Excel, o Powerpoint, desde que você consiga criar lá um design bacanão - e que gere o PDF antes de enviar.

Use um template ou crie o seu próprio design, desde que:

  1. Faça boas escolhas de fontes e cores, de forma que a leitura do seu currículo seja fácil e leve. Dicas para alcançar isso:

    • use fontes universais, como Arial, Helvetica ou Calibri. No Canva, eu gosto da Nunito para currículos.
    • Sobre cores, use combinações que garantam um contraste legível. Minha dica é fazer o teste do zoom: reduza para uns 10% o zoom e veja se segue sendo possível distinguir o texto do fundo. Uma dica dos designers, não só para currículo, mas para tudo: evite o preto (#000000) e o branco (#FFFFFF) e use os “quase branco” (gosto do #FAFAFA)e o “quase preto” (gosto do #393434). Sobre combinação de cores, eu gosto deste artigo.
  2. Tenha uma barra lateral, que chame a atenção para as informações que você, estrategicamente, quer que chamem atenção. Exemplo: seus cursos e certificados, as ferramentas da área que você conhece e seus trabalhos voluntários. Mais detalhes sobre a barra lateral, que é a parte mais importante do seu currículo, mais adiante, com prints.

  3. Use elementos gráficos que ajudem na fluidez da leitura do seu currículo e remetam ao mundo online.

    • ícones de email e logos, por exemplo. Lembre-se, somente, de evitar usar ícones muito coloridos e que sejam esteticamente muito diferentes entre si.
    • Também, mantenha uma lógica entre negrito e regular para títulos e subtítulos.
    • Por último, indente. Mas o que é isso? Identação é uma técnica de layout gráfico que explora o uso lógico do espaçamento entre margem e início de texto. Quando feita corretamente, a identação segue uma ordem lógica de alinhamento, com o objetivo de gerar uma ideia de blocos que manipulem quem lê para que, somente com isso, crie um entendimento de assuntos relacionados. A indentação é muito usada tanto em códigos-fonte de tech quanto nas interfaces de tela. Por isso, eu acho bem legal quando vejo sendo usado corretamente no currículo.

Passo 3: O conteúdo

Agora que você já tem o modelo do design do seu currículo, vamos recheá-lo?

Vamos começar pelas regras universais:

  1. Sem mentiras - Sim, exagero também é mentira. Não inclua o que você não possa sustentar nas fases seguintes. Não se sabote. A mentira e o exagero podem te passar na fase da triagem, mas e a entrevista técnica?, e o case? Não nos subestime, farejamos uma mentirinha de longe.
  2. UMA página - Dá sim. Muita gente acha que um currículo bom é um currículo completo. Para mim, isso é uma falácia. Currículo bom é aquele que converte, que te coloca pra dentro da primeira entrevista. Saiba, aceite e fique em paz com o fato de que seu currículo quase nunca será lido na íntegra. Currículos não são lidos, são escaneados. Pensa comigo: se fosse você a pessoa recrutadora, com 5 vagas pra fechar em 2 semanas e uma média de 200 currículos enviados para cada vaga, qual é a chance de você ler 3 páginas de cada um? Quanto menor, mais agradável aos olhos, mais objetivo e com mais palavras-chave for seu currículo, maior a chance de ele ser lido o suficiente para ir para a pilha dos “chamar pra entrevista”.
  3. Sem foto, nem endereço, nem estado civil, nem filhos - nenhuma dessas informações é relevante para o desempenho do seu trabalho. Você não sabe quem está triando o seu currículo, portanto, não ofereça de bandeja informações que pessoas enviesadas (para não dizer bitoladas, alienadas ou até preconceituosas) podem usar para desclassificar você.

uma merecida pausa

uuufa, pesado esse papo, né?

Se você está sentindo um certo cansaço, eu entendo. Pode ser que eu esteja contradizendo muita coisa que você pratica e que outras pessoas te ensinaram, até pessoas de Produto.

Eu já fiz tantas mentorias de currículo no admina nas quais passei por tantas reações diferentes, que aprendi que o currículo é algo muito pessoal. Algumas pessoas ficam muito frustradas e até tristes quando digo que o currículo não está legal. E eu fico triste junto porque sei que esse sentimento é absolutamente justo - não que sentimento tenha que ser junto, a gente tem que se dar o direito de sentir o que vier, certo?.

Na mentoria, consigo fazer uma pausa, acolher a pessoa e até chorar junto (sim, já aconteceu). Mas aqui, não dá para fazer isso.

Então, se você precisar de uma pausa para pensar, sentir, processar, eu quero dizer que entendo <3

Mas também quero dizer que esses são os meus conselhos muito pessoais, baseados no que eu aprendi e vi dar certo e errado. E que tudo aqui é totalmente voltado para Produto, que é a área que a minha experiência me dá lugar de fala. Minhas dicas não são generalistas, não se aplicam a qualquer área - são muito específicas para a área de Produto, dentro do universo da tecnologia.

Também, pode ser que parte do que estou sugerindo aqui não faça sentido para você e tudo bem. Tudo bem se você aplicar somente parte dessas dicas. Tudo bem se começar com uma ou duas e ir testando, aprendendo, ajustando. Afinal, Produto é isso :)

Fizemos uma pausa, tomamos uma água e demos um abraço. Vamos adiante?


continuamos no passo 3 - Conteúdo.

os detalhes do conteúdo

Agora vamos refinar tudo tim-tim por tim-tim.

1. O basicão

Comece pelo seu nome e seus contatos: cidade, email, telefone e link para o Linkedin. Isso vem no início, no cabeçalho. Bem destacado e fácil de encontrar.

2. A área desejada

Geralmente, ela vem abaixo do seu nome, com um subtítulo - parecido como fica no Linkedin.

Aqui, tanto no currículo quanto no Linkedin, vale a mesma dica: não inclua nome de cargos. Pode parecer contra-intuitivo, mesmo porque aprendemos a colocar o objetivo no currículo. Eu sou contra. Mas deixa eu me explicar.

Se você coloca: “Product Manager”, você fecha o seu escopo. E se eu estiver buscando APM? Ou se a minha vaga for de Analista de Produto? Vou pensar: “ih, não. Essa pessoa só quer vaga de Product Manager, então não vou nem perder meu tempo.”

Ao colocar um nome de cargo, você fecha as portas para outros cargos dentro de Produto - e são muitos. Se é isso que você quer, tudo bem! Se só aceitaria vagas de um cargo específico, tudo certo. Mas, se você está em migração, talvez seja interessante participar de vários processos de Produto, independentemente do nome do cargo. Minha sugestão, nesse caso, é deixar o nome da área.

Exemplos: “Produto | Product Management” ou “Produtos Digitais | Product Management”.

Eu acho bacana deixar o nome da área em inglês pois essa pode ser uma chave de busca nos algoritmos e robôs de recrutamento. Lembre-se: as palavras-chave importam!

Vai ficar mais ou menos assim: Captura de Tela 2022-05-31 às 21.57.23

3. O resumo

Encontramos o vilão! A maioria das pessoas nas mentorias de currículo me contam que ficam totalmente perdidas nessa hora.

Mas não tem segredo. Ou tem, mas eu te conto:

Antes de tudo, as pessoas tem dúvidas se chamam essa seção de “objetivo”, “meu perfil” ou “resumo”. Minha dica é: tá na dúvida? Então, não chame de nada. Logo abaixo do seu nome e da área, coloque o resumo sem contar que é um resumo. Essa seção não precisa de título. Vai direto pro texto. Coloca num destaque, como uma fonte maior, ou negritado, ou num fundo com cor diferente. E vai.

OK, Jô, mas o que escrever lá?

O resumo tem que ser bem objetivo, curto e estratégico. Eu, pessoalmente, não gosto de resumos na primeira pessoa e recheados de auto-declarações, como: “sou uma pessoa apaixonada por tecnologia, muito organizada e focada em resultados”. Minha opinião é que isso funciona melhor no “sobre” do Linkedin, porque lá é rede social, tem mais espaço para ser mais inspiracional. O currículo, para mim, é mais diretão, formal. Espero ler aqui fatos objetivos sobre você que fazem com que você seja uma pessoa adequada para a minha vaga. Características pessoais e soft-skills, eu prefiro identificar nas entrevistas. Mas essa é uma opinião pessoal. A quem gosta de incluir soft-skills no currículo: não tem problema, nao é crime algum. Vai em frente, isso não desclassificará você :)

Algo recorrente no “resumo” quando pego currículos para revisar: Jamais inclua que você está em migração ou transição de carreira. Voltando à máxima de que você nunca sabe que tipo de pessoa triará o seu currículo, há quem tenha um preconceito contra pessoas em transição. Há quem julgue que a pessoa será muito junior, precisará de muita ajuda, tem mais chance de dar errado. Sabemos que nada disso é verdade, mas… você nunca sabe que tipo de pessoa triará o seu currículo.

Mas como comunicar que você está em migração? Isso não precisa estar tão explícito no seu currículo. Lá, ao invés de dizer “estou em transição para Produto”, prefira dizer que está se especializando em Produto. A mensagem é a mesma, a abordagem é diferente. Na entrevista, você pode dizer isso mais diretamente, dentro de um contexto que está estudando, fazendo cursos e que tem uma experiência relevante para Produto.

Mas entrevista é tema de outro artigo. Vamos adiante.

Voltando ao tema, como fazer um resumo bacana sem ter experiência na área?

Vou responder mostrando. Estes são exemplos reais de currículos de pessoas que passaram pela revisão da mentoria comigo:

Profissional com 10 anos de atuação e 3 anos de formação em Direito, com histórico em suporte ao cliente, gestão de marcas, análise de processos e implementação de melhoria contínua.

Profissional com 5 anos de mercado, sempre atuando com gestão e liderança de times. Experiência em coordenação de processos operacionais, negociação, marketing e negócios. Além de trabalhar com uso de dados, indicadores e OKRs. Grande conhecimento na área de saúde. Especializada em gestão estratégica da qualidade, curso finalizado de Product Manager e Product Discovery.

Profissional com 9 anos de experiência, formada em Administração e especializada em Produto. Histórico em atendimento ao cliente, negociação e projetos. Experiência também como gestora e treinadora de equipe, empreendedora e criadora de mídias sociais.

Nenhuma dessas pessoas tem experiência profissonal oficial em Produto. Veja como focamos em outras coisas: tempo de mercado, formações relevantes para Produto, cursos e especilidades, empreendedorismo, experiência internacional e atuação em áreas pares de Produto.

Tipo assim, ó: Captura de Tela 2022-05-31 às 22.09.05

Pegou o modelinho? Show, vamos seguindo.

4. Sua formação acadêmica

Agora, entramos na barra lateral. Onde você usará uma corzinha destacada para chamar a atenção de quem lê. E, estrategicamente, colocará aquilo que você tem de mais valioso para Produto.

Aqui vão seus cursos formais: tudo acima do ensino médio. Cursos técnicos, profissionalizantes, faculdade, pós, MBA e adiante. Ainda não inclua curso livre. Isso vai em outra seção. Fomato: nome do seu curso primeiro, depois o nome da escola. Não precisa descrever seus cursos nem colocar datas. Se quiser, coloque somente o ano de formação de cada.

Se você quer chamar a atenção, coloque barra lateral. Mas se tem alguma insegurança porque essa formação não tem muita ligação com Produto, deixe fora da área destacada, no final da página após as experiências profissionais.

5. Cursos e certificados

Este deve estar na barra lateral porque é algo valioso para Produto. Inclua cursos de qualquer área, Produto ou não. Mas não siga a ordem cronológica, siga a ordem dos mais relevantes para Produto. Exemplo: se o último curso que você fez foi “Marketing digital com foco em mídias sociais” mas há 3 anos você fez Product Management da PM3, coloque o da PM3 primeiro, porque este é o que quem tria seu currículo gostará mais de ver. Lembra que seu currículo não é lido, é escaneado? Se você deixa o melhor por último, pode ser que a pessoa recrutadora nem chegue lá.

Se você fez poucos cursos, até uns 4, coloque todos. Se fez muitos, coloque os mais relevantes e agrupe os demais, aqueles que não são tão relacionados a Produto. Exemplo de agrupamento: “e diversos outros cursos na área de qualidade de processos industriais”

6. Habilidades e ferramentas

Este também deve estar na barra lateral porque você quer que seja lido, custe o que custar. Porque é aqui que colocaremos as tão sonhadas palavras-chave. Essa é a seção “competências” do Linkedin, mas sugiro que você chame de “habilidades” ou de “ferramentas” no currículo - chama mais a atenção.

Aqui, você não coloca soft-skills, mas lota de hard-skills. No drive exclusivo do admina, temos uma planilha com dezenas de palavras-chave que os admins usam para adicionar aquelas que conhecem no currículo e no Linkedin. Não posso entregar aqui todo o ouro, né…

… ou posso? emoticon de diabinho

Posso, claro que posso! Vamos lá, algumas muitas palavras-chave de presente pra você:

Agilidade: Frameworks ágeis, Kanban, Scrum, XP, Go Horse, Lean, SAFe, BDD (Behavior Driven Development)

Produto: Design Thinking, Discovery x Delivery, Double diamond - diamante duplo, Upstream x Downstream, Design Sprint, Inception, Lean Startup, PLD (product led growth), Modelo Hooked, Teste A/B, UX, priorização de backlog, Pesquisa com usuário, Entrevista com usuário, Focus group, Business model, Benchmarking, Jobs to be done, Discovery Contínuo, Product/Market Fit, MVP, User Story, Job Story, PRD (product requirements document), Go to Market, Business Case, Business Plan, Product Backlog, Story mapping, SWOT, Mapas de jornada de usuário, Fake door test, Ramen test, Teste da mãe, Canvas de Modelo de Negócio, Canvas de Proposta de Valor, Product Backlog, Roadmap, Priorização RICE, Priorização Kano, Priorização Moscow, OKR, NPS, AARRR, Funil Pirata, North Star Metric, Customer Experience, Customer Success, Customer Care, Product Marketing, Product OPS

IT: Postman, APIs, restful, SOA, services oriented architecture, webservices, Jira, Azure DevOPS, GitHub, Docker, Kubernetes, banco de dados, SQL, Python, Java, Javascript, Ruby, React, CSS, HTML

UX/UI design: Wireframing, prototipagem low fi, Figma, Adobe XD, Axure, Invison, Sketch, Photoshop, Marvel, Visio, Lucid, Miro, bootstrap, design system

Data Analytis: Google Analytics, GTM, Google Tag Manager, Power BI, Looker, Metabase, Data Lake, Tableau, MixPanel, Pendo, HotJar, Qualtrics, Optimizely

Comunicação e Organização Canva, Miro, Trello, Slack, Notion, Confluence, Asana, Discord, Google Sites, Sharepoint, Monday

Pelamor, minha gente, não se desesperem! Isso não é lista de estudo, ninguém tem que conhecer tudo isso! Você lê e transfere aqueles que conhece pro seu currículo/Linkedin. Sem se colocar pressão de saber tudo, combinado?

e espere a mágica acontecer… como essas são palavras-chave nos algortimos e nos robôs de busca, você comecará a pipocar nas notificações das pessoas recrutadoras. Acredite em mim, já vi acontecer.

E usem à vontade, não tem direitos autorais. Eu que montei essa lista e, com certeza, esqueci um monte de coisa.

Se quiser, inclua idiomas aqui. Ou crie uma seção somente para idiomas, também na barra lateral.

Vamo ver como fica a barra lateral?

Captura de Tela 2022-05-31 às 22.21.41

fofa, né?


uffff tamo cansades? Mas vamo continuar? Tá terminando, juro acho.


7. Sua experiência profissional

Finalmente, saímos da barra lateral. Vamos para o miolo do seu currículo.

Agora, entra o storytelling. Aqui, você vai seguir a ordem cronológica, começando pela sua experiência profissional mais recente.

Algumas diquinhas:

  • O nome do cargo é o papel que você desempenhou, não precisa ser o nome na sua CLT ou contrato de trabalho. Se sua CLT foi assinada como “Analista de processos II” mas seu papel era Product Owner, insira Product Owner - desde que isso não seja somente uma auto-declaração, ou seja, se esse era realmente seu papel na prática e as pessoas reconheciam você dessa forma.
  • Se você trabalhou em mais de 3 empresas, detalhe as 3 primeiras e agrupe as mais antigas.
  • Sempre detalhe mais aquelas experiências com mais relação com a área de Produto. Se você acredita que nenhuma tem, detalhe mais a mais recente e vá reduzindo o nível de detalhe das anteriores, até que a última seja 2-3 linhas, no máximo.
  • Se você quiser, pode omitir alguma experiência, não tem problema. Por exemplo, ficou em uma empresa pouco tempo? Teve uma experiência muito negativa e prefere não falar sobre ela? Pode omitir. Mas lembre-se de deixar currículo e Linkedin coerentes. Se omitir alguma experiência, mude o título da seção para “Principais experiências profissionais”, por exemplo, e saiba como justificar essa omissão, caso surja o tema em entrevista. Lembre-se que não é sobre quantidade, é sobre relevância. O seu currículo não precisa ser completo, precisa ser estratégico para aquilo que você busca.
  • Para descrever cada experiência, eu sugiro a seguinte lógica:
    • Comece pelo nome do cargo e o mês/ano de início e fim (ou “atual”, se ainda estiver lá). Abaixo, o nome da empresa.
    • Primeira linha: explique brevemente o que é a empresa, o que ela faz e seu lugar ao sol. Exemplo: “Fintech do grupo Mercado Livre, maior marketplace da América Latina” (essa é a minha amada) - se quiser linkar site ou rede social da empresa, ótimo.
    • meiuca: em tópicos, o seu papel, suas principais responsabilidades e um pouco do seu dia a dia.
    • pra fechar: liste 1 ou 2 principais entregas que você realizou ou participou, com métricas ou resultados - quanto mais concreto, melhor.

Aqui, use e abuse de jargões produteiros, explore as palavras-chave e ferramentas, venda seu peixe. Use aquela listinha lá de cima para jargões e, se conseguir, vá além. Aqui é sua hora de brilhar contando sua história com termos bem produteiros.

Vamo de exemplo?

Captura de Tela 2022-05-31 às 21.49.23

O extra

Seus projetos de conclusão de cursos, formais ou livres, valem aqui. Se já empreendeu, vale ouro - mesmo que seja MEI. Trabalhos voluntários, sim! Comunidades da área, como o admina, demais!

Sobre os cases e projetos, sugiro criar um portfolio em alguma ferramenta online e linkar no currículo e no Linkedin. Pode criar uma seção só para isso. Aqui tem um post bacana sobre portfolio que pode ajudar.

E como fica?

Trabalhão, né? Mas você terminou! No final de todos esses passos, você terá um currículo mais ou menos com essa carinha:

Cópia de Luiza Christtal (1)

Curtiu? Eu amei <3

Passo 4: Enviando o seu currículo

ESTÁ PRONTO! Oba! Bora enviar esse CV lindão por aí?

NÃO!

Mas muita calma nessa hora. Os seus próximos passos são essenciais para definir se seu currículo vai ser triado.

Encontrando empresas certas para você

Vale sair enviando para todas as vagas? Até vale, mas vou ensinar uns macetes para quem está em migração.

Quem faz mentoria comigo já ouviu a frase “hoje em dia tem startup para tudo”.

(aqui, se você não sabe exatamente o que é uma startup)

O Brasil está sempre entre os 5 países mais empreendedores do mundo - em 2019 ficou em 1a posição.

Mas por que isso importa para você?

Primeiramente, porque startups em fase inicial - o jargão é early-stage -recebem investimentos atrelados a crescimento de operação - aí vão contratar pessoas. E estão mais propensas a contratar pessoas mais juniores pois tem menos dinheiro para pagar os altos salários dos seniores. Sacou? Aí entra você, que está em migração.

Segundamente, porque estão surgindo startups para resolver, com tecnologia, os mais variados tipos de problemas, com os mais variados modelos de negócio. Na prática, isso significa que é gigante a chance de existir startups de uma área que você conhece.

Moral da história: foque em startups em fases iniciais, que acabaram de receber aporte e que fazem produto para um negócio que você conhece.

Mas como fazer isso? Essas startups, muitas vezes, ainda não são muito conhecidas. Por isso, você precisa descobri-las. Minha sugestão é você dar um google em “startups brasileiras de produtos/platformas/sistema/software para xpto” E esse xpto é área que você manja, tipo “startups brasileiras para sistemas de RH/para software contábil/para plataformas de moda”.

Dica de ouro: saiba se existe um “-tech” para a sua área de conhecimento. As “-tech” são startups muito mais focadas em tecnologia como fim e, por isso, costumam ter organogramas de TI, UX e Produto mais maduros. Porque se insipiram nas novas ondas e livros de empreendedorismo (de Lean Startup para cá) e para serem competitivas na atração de bons talentos, constumam ter uma cultura de product management mais forte que as grandes corporações tradicionais.

Mas como você encontra o tipo de “-tech” que mais combina com seu perfil? Veja se ajuda:

Se você vem debusque por
Banco, pagamentos e serviços financeirosfintechs
Saúdehealthtech, medtech e biotech
Ed. Físicahealthtech e sportech
Direitolegaltech, lawtech e regtech
Segurosinsurtech
Educaçãoedtech
Nutrição/alimentaçãofoodtech
Imobiliárioproptech
RHhrtech
Agronegócioagrotech
Arquitetura e construção civilconstrutech
Publicidadeadtech
Energiaenertech ou energytech
Modafashtech ou fashiontech
Entretenimentofuntech
Ambientalcleantech ou greentech

O Google renderá uns bons artigos com nome de startups da -tech que você buscou. Leia o artigo e vá buscando uma a uma. Não se esqueça de dar uma lida nas notícias, para descobrir se a firma vai bem, quais são os investidores e se não rolou demissão em massa recentemente.

Encontrou uma que curtiu, boa! Entra no site, busca o “trabalhe conosco” e manda email com seu currículo, tendo ou não vagas. Também vale stalkear no Linkedin, chamar as pessoas da empresa no chat - melhor ainda se for do RH!

Conta que você curtiu a empresa, que tem experiência na área de negócios deles e que está se especializando em Produto. Pô, você é a pessoa certa para eles! Se joga!

Agora sim, pode enviar seu currículo!

Mas antes… edita o dito cujo, por favor.

“Como assim, Jô? Gastei horas e ainda tenho que editar?”

Tem. Lembra que eu contei que quem tria currículos tem um checklilst de coisas para fazer cara/crachá? Bora garantir que esse checklist será bem verdinho.

Como você faz isso?

Leia sobre a empresa e a vaga e encontre aquelas palavras e expressões que estão na descrição e que você conhece - novamente, não vale mentir. Ou seja, se a vaga diz que a posição será responsável por priorização do backlog da squad, vai lá no seu currículo e garanta que:

  • Consta “priorização de backlog” nas suas habilidades/ferramentas - se quiser pode até gastar e colocar um MosCow, RICE e afins.
  • Dá uma passada pelas suas experiências profissionais pensando se voce fazia priorização de backlog. Se fazia, bota lá no texto descritivo sobre suas responsabilidades.
  • Se quiser, pode colocar no subtítulo abaixo no seu nome o cargo exatamente igual ao nome da vaga. Só se lembra de salvar essa versão somente para essa vaga. Deixando a versão “mãe” arquivadinha para vagas futuras.

Pronto! Agora, quando a pessoa triando seu currículo fizer aquela varredura, vai encontrar rapidinho o que estava procurando e - como mágica, em 5 segs escaneando o seu CV, coloca você na pilha dos “a entrevistar”.

Repita esse processo toda santa vez que você for enviar o seu currículo.

Ah, e não se esqueceu de salvar como PDF, né?


Ufaaa, que artigo gigante!

Se você chegou até aqui, é porque a revisão de currículo para Produto era um desafio para você.

Espero, de coração, ter contribuído um pouquinho para o sucesso da sua migração. Sei que essa jornada é dura e, muitas vezes, longa e psicologicamente muito pesada.

No admina, temos o propósito de apoiar nesse caminho. Se você está em migração para Produto ou UX e considera-se uma pessoa de grupo de desvantagem social, sinta-se convidada(o) a conhecer mais e inscrever-se nossa comunidade, aqui.

E, independente de ser ou não admin (pessoa parte do admina), eu me coloco à disposição no Instagram e no Linkedin para dúvidas sobre seu currículo, tá bom? Manda um DM lá que sempre respondo!

Contem conosco e contem comigo!

um abraço do tamanho desse artigo <3


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O que eu descobri sobre processos seletivos para Produto/UX nas mentorias do admina
2
O tal "raio produtizador"

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